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Procura por curso mais concorrido da Fuvest cresce 507% em dez anos

ADMto novembro 11, 2011 Nenhum comentário

Procura por curso mais concorrido da Fuvest cresce 507% em dez anos

Engenharia civil em São Carlos tem 52,27 candidatos por vaga.
Para especialista, economia forte aumentou demanda por engenheiros civis.

No vestibular da Fuvest, em 2003, o curso de engenharia civil que a Universidade de São Paulo promove no campus de São Carlos tinha uma procura relativamente baixa, com média de 10,3 candidatos por vaga, e era apenas o 53º da lista dos mais disputados. Agora, dez vestibulares depois, a concorrência disparou: com 52,27 candidatos por vaga, o curso da Escola de Engenharia de São Carlos da USP deixou até a concorrência por medicina para trás para ser, pela primeira vez na história, o curso mais concorrido da Fuvest.

Em relação aos últimos dez vestibulares, o salto da concorrência pelas 60 vagas anuais do curso foi de 507,4%. O quadro abaixo mostra a evolução da concorrência pelos cursos da USP. Até 2008, engenharia civil de São Carlos tinha estabilizado na faixa dos dez candidatos por vaga. Há três anos, a procura começou a subir exponencialmente, enquanto cursos badalados há dez anos, como publicidade e jornalismo, perderam candidatos. Para especialistas na área de engenharia civil, a tendência é a procura crescer ainda mais.
Gráfico candidato vaga Fuvest (Foto: Editoria de Arte/G1)

A aceleração da economia e o aquecimento do mercado – além da escolha do País para sediar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, segundo eles, são os principais responsáveis pela alta demanda atual da carreira.

“O Brasil passou os últimos 20, 25 anos com um completo desestímulo à formação de engenheiros, porque a construção civil andou bastante de lado nesses anos todos”, afirmou Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo.

Hoje, 228 mil engenheiros civis estão registrados no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), segundo dados da entidade. Nos últimos dez anos, a média anual de novos profissionais foi de 10.4 mil. Nos dez anos anteriores, o conselho registrou em média 4,6 mil novos engenheiros da área por ano.

Segundo Zaidan, o fenômeno provocou inclusive um ‘gap’ de gerações. “Você tem engenheiros de 50 anos e recém-formados, quase não tem engenheiro de 30 e 40 anos.” Zaidan afirma que a carreira foi esquecida e que os poucos engenheiros que se formaram “foram para outras áreas, muita gente foi para o mercado financeiro”.

O novo momento da economia brasileira, a partir de 2000, acabou com a falta a demanda por profissionais do setor. “A construção civil responde muito bem ao crescimento”, analisa. Zaidan afirma que tanto engenheiros quanto técnicos médios e operários com menor ou maior qualificação também saem ganhando com a virada econômica.

Cidade atrativa
Coordenador do curso de engenharia civil da USP de São Carlos entre 2009 e outubro deste ano, o professor José Carlos Cintra também credita, à popularidade do curso, a tradição de 58 anos do curso de São Carlos e as qualidades da própria cidade do interior paulista.

“É muito boa para se morar e estudar, tem vantagens de cidade grande, mas não é cidade grande, está no interior”, contou ele. Para Cintra, a cidade, que tem pouco mais de 200 mil habitantes, tem atraído tanto os estudantes do interior paulista quanto de Estados como Paraná, Goiás e Mato Grosso. Além da USP, a cidade abriga outra grande instituição pública de ensino superior, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além da Faculdade Integrada de São Carlos (Fadisc) e o Centro Universitário Central Paulista (Unicep).

Cintra garante que um estudante de engenharia civil da USP de São Carlos não fica sem emprego após a formatura. Ele também explica que o curso acaba recebendo muitos estudantes de outras áreas da engenharia que mudam de ideia e tentam fazer uma transferência interna para se formarem engenheiros civis.

O campus de São Carlos tem ainda os cursos de engenharia geral, engenharia aeronáutica, engenharia ambiental, engenharia de materiais e manufatura, e engenharia elétrica em computação. A USP oferece ainda cursos de engenharia nos campus de Lorena e Pirassununga, e também na Escola Politécnica, em São Paulo. O curso da Poli, na capital, tem concorrência de 15,91 candidatos por vaga. A carreira engloba todas as engenharias e, assim, oferece mais vagas.

Segundo Cintra, a diferença para o curso de São Carlos é que um estudante que quer o diploma de engenheiro civil precisa, após o primeiro ano na Politécnica, concorrer novamente para entrar no curso específico. “A escolha não é livre, porque depende da nota. Pode ser que não faça o curso que queria, não depende só dele.”

Futuro da carreira
Para o professor da USP de São Carlos, o crescimento da demanda pode estacionar nos próximos anos, mas não deve se reverter.

“Vai acabar a Copa do Mundo, vai passar a Olimpíada, mas estamos tão atrasados em infraestrutura que o que houve foi uma mudança de patamar.”

Eduardo Zaidan, do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, afirma que é difícil prever até quando dura o aumento da demanda, mas que “em uma economia que cresce de modo sustentável ao longo dos anos, a construção civil tem muito a oferecer para as pessoas que trabalharem com ela”.

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